Tem dias que o livro fecha as páginas e encerra a história. Tem dias em que a música voa alto para além de nossas respostas.
Tem dias em que ouço um frevo, quase munido de maracatu. E tem dias em que o réquiem me persegue, esboça talvez um Danúbio Azul.
Tem dias em que o mar revolto parece conversar comigo. Tem dias em que o barco, beeeeem ao longe é o pior dos inimigos.
Tem dias em que o horizonte vaza, e eu viajo nele como uma borboleta de jardim. Tem dias em que as nuvens param e, triste, me dou conta de mim.
Tem dias em que a vida pára, o instante pára, e é tudo de um marasmo só.
E tem dias, como hoje é dia, de ser alguém um pouco melhor.
Tem dias em que a saudade chama, o peito aperta e a gente inventa que é feliz.
Tem dias em que a solução perfeita está na ponta do nariz.
E tem dias em que a gente morre, esperando algum tipo de salvação.
E o que vem é sempre aquele mesmo julgamento sem nenhuma protelação.
Nestes dias a gente se pergunta se isso tudo aqui vale a pena.
É nestes dias em que não se pode ousar ter uma alma pequena.
É. Tem dias em que tudo é bom. E tem dias que está tudo uma merda.