O futebol soviético do século XXI - parte III
O caso da seleção soviética seria ainda mais emblemático. O goleiro russo Akinfeev abriria a escalação que teria o georgiano Kaladze, o bielorrusso Hleb e os ucranianos Shevchenko e Rebrov (este, na reserva). A parte da seleção, convenhamos, é bem mais divertida do que a de clubes.
Como os jogadores não seriam negociados para o exterior, é bem provável que Andriy Shevchenko continuasse a formar a dupla de ataque do Dínamo de Kiev com Serhiy Rebrov que deu bastante trabalho (de verdade, para quem se lembra) na Liga dos Campeões de 98-99, eliminando o Real Madrid e só parando nas semifinais contra o Bayern de Munique. Hleb e Kutuzov teriam igualmente permanecido no FK BATE Borissov, da cidade de Borissov, em Belarus, e não teriam ido para o futebol alemão e italiano, mas talvez tivessem ido para clubes mais tradicionais da URSS, como Dnepr Dnepropetrovsk e Spartak Moscou.
Era natural que, unida, a União Soviética se mantivesse fortalecida em competições internacionais, como a Eurocopa (na foto, a final de 88, contra a Holanda) e a Copa do Mundo. Em 96, comandados por Oleg Salenko e Aleksander Borodjuk, os vermelhos liderariam o Grupo 8 da Euro, deixando escoceses, gregos e finlandeses para trás. Na fase final, passaria em primeiro lugar no Grupo C, deixando a Alemanha em segundo lugar e eliminando tchecos e italianos. Nas quartas, passaria pela sensação, a Croácia de Suker e Boban. Nas semi, bateriam os anfitriões ingleses nos pênaltis após um empate em 2 a 2, gols de Shearer (artilheiro da Euro, com sete gols) e Sheringham pela Inglaterra, e Yuran e Mostovoi pelos soviéticos. Na final, enfrentariam os mesmos alemães da primeira fase, que venceram os franceses com dois gols de Bierhoff. Blanc teria feito para a França nos acréscimos. Na decisão, após um 0 a 0 no tempo normal, Kharine defenderia o pênalti de Oliver Bierhoff. Karl-Heinze Riedle mandaria para fora, e Mathias Sammer na trave, para dar o segundo título continental para a seleção, que chegaria a Moscou com festa.
A base desta seleção chegaria com moral para a Copa de 98, mas cairia na primeira fase. Com fracassos semelhantes na Euro 2000, disputada na Holanda e na Bélgica, e na Copa de 2002, onde seria eliminada nas oitavas-de-final, a população soviética clamaria por uma renovação. Comandada pelo técnico - ucraniano - Oleg Blokhin (foto), em conjunto com - o russo - Alexander Borodjuk, que voltaria para assumir as categorias de base da CCCP em 2000, o time ganharia uma base mais incrementada, que contaria com jogadores de Rússia, Ucrânia, Geórgia e Bielorrússia, deixando outras regiões, como Estônia, Letônia, Lituânia, Azerbaijão e Quirguízia de lado.
A base do time seria a seguinte:
Igor Akinfeev: Goleiro russo, que sempre defendeu a meta do CSKA Moscou. Suas boas atuações na Vysshaja Liga vinham fazendo a torcida de outros clubes pedir sua convocação, em detrimento do experiente Sergei Ovchinnikov, do Dínamo de Moscou.
Oleg Gusiev: Lateral-direito do Dínamo de Kiev, o ucraniano atuava originalmente como ala pelo mesmo lado do campo. Suas constantes subidas ao meio-campo costumam municiar o ataque, mas deixam um bom espaço em suas costas.
Sergei Ignashevich: Revelado pelo Krylia Sovetov, o zagueiro central russo é experiente e seguro, e já passou por alguns dos clubes mais tradicionais da União Soviética, como Lokomotiv Moscou e CSKA.
Kakhaber ‘Kakha’ Kaladze: Quarto zagueiro georgiano, apareceu no Dínamo Tbilisi e recusou oferta do Milan em 2001 para defender o Dnepr Dnepropetrovsk.
Andriy Nesmachniy: Ucraniano de nascimento, o problema do lateral-esquerdo é exatamente o contrário do homem da direita. Zagueiro de origem, o atleta do Dínamo de Kiev dá pouca criatividade ao flanco esquerdo. Mas é uma fortaleza para fechar.
Aleksey Smertin: Revelado pelo Uralan Elista, o experiente volante russo é um dos pilares do meio-de-campo de Oleg Blokhin. Atualmente defende as cores do Dínamo de Moscou.
Aleksandr Hleb: Escalado como segundo volante, o bielorrusso não gosta muito de fazer a função de homem de contenção. Revelado no BATE Borissov e legítimo carregador de piano do Dnepr Depropetrovsk, costuma deixar espaços no meio, o que faz com que a torcida peça para que seu lugar seja ocupado pelo russo Evgeni Aldonin, do CSKA. Já recusou propostas de Stuttgart e Arsenal. Ah, por fim: é o capitão da equipe.
Levan Kobiashvili: Observado pelo Schalke 04, o meia da Geórgia tem uma passagem apagada pelo Alania no currículo. Revelado pelo Dínamo Tbilisi, está longe de ser criativo, mas é bastante aguerrido e dono de um chute certeiro de longe. É titular no Shinnik Yaroslav.
Maksym Kalinichenko: Homem mais perigoso e criativo do meio-campo soviético, o ucraniano Kalinichenko é o rei das assistências na Liga Soviética. Atuando pelo Spartak Moscou, costuma ser o elemento-surpresa das equipes por onde passa.
Andriy Voronin: O atacante ucraniano abandonou o futebol alemão para atuar pelo Chernomorets Odessa, onde é ídolo. Na seleção, suas atuações são bastante questionadas pela torcida, que clama pelo jovem Ivan Sayenko, outro pretendido pelo Schalke 04.
Andriy Shevchenko: Melhor jogador da Europa em 2004, o ucraniano não consegue brilhar na seleção soviética. Mesmo assim, fica nos pés dele a responsabilidade de marcar os gols da seleção de Blokhin. Seu reserva imediato, o bielorruso Vitali Kutuzov, não tem muitas chances.
Com base nesse time, os soviéticos se classificaram com folgas para a Copa do Mundo de 2006, e deram a sorte de pegar um grupo com poucas surpresas. Ao lado da Espanha, foram para o Grupo H, que ainda tinha Arábia Saudita e Tunísia. Na primeira fase, o time estrearia dando motivos de sobra para desconfiança e levaria 4 a 0 da Fúria. Porém, devolveria o placar nos sauditas e chegaria ao terceiro jogo, contra os tunisianos precisando de uma vitória simples. Ela veio, com um gol de Kobiashvili.
Nas oitavas-de-final, passariam pela até então invicta Suíça por 3 a 1, com gols de Kalinichenko, Shevchenko e Kutuzov. Barnetta descontaria para os helvéticos, que se despediriam. Então nas quartas, a seleção de Oleg Blokhin faria uma das melhores partidas do Mundial da Alemanha, empatando em 2 a 2 com a Itália no tempo normal. Na prorrogação, em pênalti mais do que duvidoso convertido por Luca Toni selaria a passagem da Azzurra para a semifinal. O time do técnico Marcello Lippi acabaria campeão, e a União Soviética confirmaria a fama de ser constantemente prejudicada pelas arbitragens.
Como os jogadores não seriam negociados para o exterior, é bem provável que Andriy Shevchenko continuasse a formar a dupla de ataque do Dínamo de Kiev com Serhiy Rebrov que deu bastante trabalho (de verdade, para quem se lembra) na Liga dos Campeões de 98-99, eliminando o Real Madrid e só parando nas semifinais contra o Bayern de Munique. Hleb e Kutuzov teriam igualmente permanecido no FK BATE Borissov, da cidade de Borissov, em Belarus, e não teriam ido para o futebol alemão e italiano, mas talvez tivessem ido para clubes mais tradicionais da URSS, como Dnepr Dnepropetrovsk e Spartak Moscou.
Era natural que, unida, a União Soviética se mantivesse fortalecida em competições internacionais, como a Eurocopa (na foto, a final de 88, contra a Holanda) e a Copa do Mundo. Em 96, comandados por Oleg Salenko e Aleksander Borodjuk, os vermelhos liderariam o Grupo 8 da Euro, deixando escoceses, gregos e finlandeses para trás. Na fase final, passaria em primeiro lugar no Grupo C, deixando a Alemanha em segundo lugar e eliminando tchecos e italianos. Nas quartas, passaria pela sensação, a Croácia de Suker e Boban. Nas semi, bateriam os anfitriões ingleses nos pênaltis após um empate em 2 a 2, gols de Shearer (artilheiro da Euro, com sete gols) e Sheringham pela Inglaterra, e Yuran e Mostovoi pelos soviéticos. Na final, enfrentariam os mesmos alemães da primeira fase, que venceram os franceses com dois gols de Bierhoff. Blanc teria feito para a França nos acréscimos. Na decisão, após um 0 a 0 no tempo normal, Kharine defenderia o pênalti de Oliver Bierhoff. Karl-Heinze Riedle mandaria para fora, e Mathias Sammer na trave, para dar o segundo título continental para a seleção, que chegaria a Moscou com festa.
A base desta seleção chegaria com moral para a Copa de 98, mas cairia na primeira fase. Com fracassos semelhantes na Euro 2000, disputada na Holanda e na Bélgica, e na Copa de 2002, onde seria eliminada nas oitavas-de-final, a população soviética clamaria por uma renovação. Comandada pelo técnico - ucraniano - Oleg Blokhin (foto), em conjunto com - o russo - Alexander Borodjuk, que voltaria para assumir as categorias de base da CCCP em 2000, o time ganharia uma base mais incrementada, que contaria com jogadores de Rússia, Ucrânia, Geórgia e Bielorrússia, deixando outras regiões, como Estônia, Letônia, Lituânia, Azerbaijão e Quirguízia de lado.
A base do time seria a seguinte:
Igor Akinfeev: Goleiro russo, que sempre defendeu a meta do CSKA Moscou. Suas boas atuações na Vysshaja Liga vinham fazendo a torcida de outros clubes pedir sua convocação, em detrimento do experiente Sergei Ovchinnikov, do Dínamo de Moscou.
Oleg Gusiev: Lateral-direito do Dínamo de Kiev, o ucraniano atuava originalmente como ala pelo mesmo lado do campo. Suas constantes subidas ao meio-campo costumam municiar o ataque, mas deixam um bom espaço em suas costas.
Sergei Ignashevich: Revelado pelo Krylia Sovetov, o zagueiro central russo é experiente e seguro, e já passou por alguns dos clubes mais tradicionais da União Soviética, como Lokomotiv Moscou e CSKA.
Kakhaber ‘Kakha’ Kaladze: Quarto zagueiro georgiano, apareceu no Dínamo Tbilisi e recusou oferta do Milan em 2001 para defender o Dnepr Dnepropetrovsk.
Andriy Nesmachniy: Ucraniano de nascimento, o problema do lateral-esquerdo é exatamente o contrário do homem da direita. Zagueiro de origem, o atleta do Dínamo de Kiev dá pouca criatividade ao flanco esquerdo. Mas é uma fortaleza para fechar.
Aleksey Smertin: Revelado pelo Uralan Elista, o experiente volante russo é um dos pilares do meio-de-campo de Oleg Blokhin. Atualmente defende as cores do Dínamo de Moscou.
Aleksandr Hleb: Escalado como segundo volante, o bielorrusso não gosta muito de fazer a função de homem de contenção. Revelado no BATE Borissov e legítimo carregador de piano do Dnepr Depropetrovsk, costuma deixar espaços no meio, o que faz com que a torcida peça para que seu lugar seja ocupado pelo russo Evgeni Aldonin, do CSKA. Já recusou propostas de Stuttgart e Arsenal. Ah, por fim: é o capitão da equipe.
Levan Kobiashvili: Observado pelo Schalke 04, o meia da Geórgia tem uma passagem apagada pelo Alania no currículo. Revelado pelo Dínamo Tbilisi, está longe de ser criativo, mas é bastante aguerrido e dono de um chute certeiro de longe. É titular no Shinnik Yaroslav.
Maksym Kalinichenko: Homem mais perigoso e criativo do meio-campo soviético, o ucraniano Kalinichenko é o rei das assistências na Liga Soviética. Atuando pelo Spartak Moscou, costuma ser o elemento-surpresa das equipes por onde passa.
Andriy Voronin: O atacante ucraniano abandonou o futebol alemão para atuar pelo Chernomorets Odessa, onde é ídolo. Na seleção, suas atuações são bastante questionadas pela torcida, que clama pelo jovem Ivan Sayenko, outro pretendido pelo Schalke 04.
Andriy Shevchenko: Melhor jogador da Europa em 2004, o ucraniano não consegue brilhar na seleção soviética. Mesmo assim, fica nos pés dele a responsabilidade de marcar os gols da seleção de Blokhin. Seu reserva imediato, o bielorruso Vitali Kutuzov, não tem muitas chances.
Com base nesse time, os soviéticos se classificaram com folgas para a Copa do Mundo de 2006, e deram a sorte de pegar um grupo com poucas surpresas. Ao lado da Espanha, foram para o Grupo H, que ainda tinha Arábia Saudita e Tunísia. Na primeira fase, o time estrearia dando motivos de sobra para desconfiança e levaria 4 a 0 da Fúria. Porém, devolveria o placar nos sauditas e chegaria ao terceiro jogo, contra os tunisianos precisando de uma vitória simples. Ela veio, com um gol de Kobiashvili.
Nas oitavas-de-final, passariam pela até então invicta Suíça por 3 a 1, com gols de Kalinichenko, Shevchenko e Kutuzov. Barnetta descontaria para os helvéticos, que se despediriam. Então nas quartas, a seleção de Oleg Blokhin faria uma das melhores partidas do Mundial da Alemanha, empatando em 2 a 2 com a Itália no tempo normal. Na prorrogação, em pênalti mais do que duvidoso convertido por Luca Toni selaria a passagem da Azzurra para a semifinal. O time do técnico Marcello Lippi acabaria campeão, e a União Soviética confirmaria a fama de ser constantemente prejudicada pelas arbitragens.