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The Worst Matrix Error Ever (ou Medo e Delírio no Bunker) pt.2

Realmente a situação tornava-se cada vez mais escabrosa. O sono já começava a abater alguns dos nossos companheiros e os que se mantinham acesos estavam com o nível de THC extremamente elevado. O frio passava a ficar mais rigoroso, lembrando-me dos tempos de exílio na antiga União Soviética.

Estávamos completamente bodiados, mal tinhamos forças para falar algo coerente, quando de repente aparece um novo personagem nesse filme trash. Quando eu o vi de relance, pensei que era só mais um pobre e inútil morador da cidade, mas uma análise mais aprofundada me fez reconhecer aquele rosto. Aquela fisionomia senil me era familiar. Vasculhei por alguns instantes minha debilitada memória fotográfica e logo descobri: puta merda, esse cara mora no meu prédio!! Mas antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, ele repetiu a frase que outrora pensara: "Meu, esse cara mora no meu prédio!!". Assim, da forma mais natural possível.

Silêncio. Por um bom tempo permanecemos calados, tentando assimilar o que acabávamos de ver. Tentei uma saída razoável para aquela situação. Mas antes que pudesse perguntar o que ele estava fazendo ali, ele deu as costas e sumiu na escuridão. Logo, a ficha caiu. A comoção era geral. "Impossível! Sacrilégio! Blasfêmia!", praguejava um público comovido. De fato, essa situação não tinha cabimento. Qual a probabilidade de um acontecimento dessa estirpe acontecer? Talvez nem a Nasa pudesse calcular algo de tal magnitude.

Enquanto, os presentes caiam em prantos e em louvores de devoção, resolvi dar uma passada ao banheiro. Naquele santuário espiritual, comecei a refletir, questionando-me se aquilo fora real. O destino garantiu que sim. Quando saí do banheiro, me deparei novamente com aquela criatura. Era um novo duelo, dessa vez cara a cara, homem a homem. Ele me fitava incansavelmente. Eu o encarava com igual rancor. Finalmente, tomei a decisão das decisões. Perguntei o que ele fazia ali e ele começou a falar coisas sem sentido, com metáforas descabidas. Novamente, quando tentei ir atrás de uma resposta mais clara, ele deu meia volta e partiu, só que dessa vez para sempre.

Talvez tivesse fugido porque nem mesmo ele soubesse o que fazia ali. Possivelmente ele estava tão atordoado quanto nós. Mas o fato é que poucos assimilavam aquilo como um fato criado pela realidade. Alguns imaginaram que aquilo fosse uma alucinação, criada por uma bad trip. Mas um dos presentes - certamente o menos sóbrio - foi mais longe. "Na certa aquilo foi um erro da Matrix", alegou. Um erro grotesco, diga-se por sinal.

O fato é que algum tempo depois nosso amigo motorizado chegou ao recinto. Não tivemos muito tempo para refletir antropologicamente sobre aquela cena digna de um teatro medieval. Mas, sem delongas, fomos sair e encher a cara.
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Originalmente publicado no site Epítetos Espiclondríficos

Naquela noite a quarta dimensão abriu-se diante de nossos olhos semi-cerrados.

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