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E Alagoas quase chegou lá - parte I


A Europa sempre teve uma alternativa viável para os clubes que não conseguiam lugar na Liga dos Campeões. Trata-se da Copa da Uefa, que geralmente é disputada por times que terminam na zona do 'quase'. Entre quarto e sexto, por aí. Bons times já ganharam a Copa da Uefa nos últimos anos, como Porto e Valencia (foto), pra ficar em apenas dois exemplos. A América do Sul tem alguma dificuldade para fazer um paralelo e tem tentado diversas competições, em especial na década de 90. Entre a Copa Sul-americana, a Pan-americana, a Mercosul, a Supercopa e a Recopa, uma se destacou pelo baixíssimo nível técnico: a Conmebol.

Para se ter idéia do que estamos falando, é interessante lembrar que a torcida do Santos considera que não foi campeã de nada entre 84 e 2002, mesmo tendo vencido o torneio em 98. Disputada entre 92 e 99, a Conmebol nunca teve grandes esquadrões campeões (por mais que os são-paulinos venham destacar o Expressinho de 94). Pelo contrário, ela sempre foi marcada pela atuação de times com pouca tradição.

Entre os argentinos, casos de equipes como Lanús e Colón, ou os colombianos do Deportivo Tolima. Entre os brasileiros (principalmente), a situação era tão gritante que permitia a participação de Vila Nova, São Raimundo, América-RN, Rio Branco-AC, Sampaio Corrêa e CSA. O caso dos alagoanos é o mais interessante: mesmo sem figurar entre as maiores forças da região, foi o Azulão do Mutange o primeiro time nordestino a chegar à final de uma competição continental.

A história da participação do CSA na Conmebol de 99 é, como foi dito, interessante. Semifinalista da Copa do Nordeste do mesmo ano (foto acima), o time não teria direito à vaga, que pertenceria ao campeão, Vitória. O rubro-negro recusou o convite, a exemplo do Bahia (vice) e do Sport (terceiro). O clube alagoano, despretensiosamente, aceitou.

A caminhada seria imprevisível e começaria contra o Vila Nova. Os azulinos venceriam em casa, com gols de Missinho e Mazinho, mas levariam o troco em Goiânia, com Junior e Reinaldo Aleluia (foto) devolvendo o 2x0 do jogo inicial. Mesmo jogando contra a torcida, o CSA venceu por 4x3 nos pênaltis.

Na segunda rodada, o time disputaria a primeira partida internacional de sua história. Contra o Estudiantes, na Venezuela, o time conseguiu segurar um 0x0, para vencer em Maceió por 3x1. Mimi, de pênalti, e Márcio Pereira, duas vezes, fizeram os gols da vitória. Ruberth Morán, também de pênalti, descontou para os visitantes.

A essa altura, a campanha do maceioenses já empolgava. Na semifinal, novo confronto nacional. Desta vez, o adversário seria o São Raimundo, que havia eliminado os peruanos do Sport Boys. No primeiro jogo, no Vivaldão, o Tufão da Colina venceu por um apertado 1x0, com um gol Marcos Luís, cobrando pênalti no segundo tempo, deixando muita emoção para o jogo da volta.

E não faltou emoção em Maceió. Fábio Magrão abriu o placar aos 14 minutos do primeiro tempo, mas Marcelo Araxá empatou para os amazonenses seis minutos depois. O empate dava a vaga para o São Raimundo, que segurou o placar até o final do segundo tempo. Foi quando o artilheiro Missinho, no último minuto do jogo, conseguiu fazer o segundo e empatar a soma dos resultados, para desespero (e reclamação) do clube manauara. De nada adiantou a discussão, uma vez que a partida foi para novas penalidades. No final, 5x4 para o CSA, que garantiria vaga na final.