Diálogos com a dentista
Bem como cortar cabelo, eu também vou à mesma dentista desde os quatro ou cinco anos. A doutora Elza tinha um consultório perto da minha casa em Presidente Prudente e nós íamos a pé ao consultório (eu, minha irmã e meu pai). Depois que ela montou um consultório perto do Tênis Clube local, em frente ao Colégio Cotiguara, nós continuamos indo lá, ainda que tendo dois consultórios odontológicos próximos à minha casa. Mesmo porque ela já conhece os caminhos dos meus dentes melhor do que a minha língua o faz.
Enfim, depois de uma certa idade, eu comecei a ir sem meus pais. Afinal, eu sou mocinho e já dirijo. Em uma dessa vezes, em um feriado de 2005, eu fui visitar doutora Elza, numa consulta que estava atrasada há uns dois meses, na dependência de arrumar uma data que nos fosse compatível. Detalhe que as próximas devem continuar atrasadas, por mais que fosse óbvio marcá-las para as férias.
Ir à dentista é sempre divertido: eu sempre acho que meus dentes estão bons, minha mãe sempre discorda e doutora Elza sempre acha que meus dentes devem estar sob proteção divina. Vou lá, converso com ela um pouco, sou gentilmente deitado na cadeira, abro a boca, fecho os olhos e começo a ser penetrado (opa!), por brocas e esguichos d'água. Tudo isso acompanhado por uma leve conversa. Sim, pois dentistas adoram conversar.
Creio que há uma aula na faculdade de odontologia só de conversação com o paciente. Como é que eles entendem o que alguém que parcamente mexe a língua e é incapaz de mover o maxilar está falando? Mesmo assim, continuam com esse hábito. E nos entendem. E nos aconselham. Doutora Elza não foge a regra. Mesmo assim, ela me diverte.
Dra. Elza: Hummm... Seus dentes estão ruins, hein?
Eu: ...
Dra. Elza: Como é que está a faculdade?
Eu: Ah, ra rhehm! Hirandrho aulhumash otash uinsh, eo hô hein!
Dra. Elza: Mas tá ruim mesmo?
Eu: Ah, eo heaschei mm ouho. Ehbho ighá die eçhami...
Dra. Elza: Humm... Mas você consegue! E você tem se alimentado bem?
Eu: Ah, haish o henuous...
Dra. Elza: E esse "mais ou menos" é o que?
Eu: Eo cushin rhra im. Ie, helaenth, aeh arrão, oo, haroha i ihe.
Dra. Elza: Nada de salada, fruta?
Eu: I-híçi...
Dra. Elza: Tem que se alimentar direito. E escovar os dentes? Garanto que tem dia que é uma vez só.
Eu: Éh.
Dra. Elza: Fio dental, nada né? Tem fio dental lá?
Eu: Ahn... Ehn hein, hemn?
Dra. Elza: Tem que comprar. Ele alcança onde a escova não chega e limpa. Você acha que é só pra tirar pedaço de carne no meio dos dentes?
Eu: ...
Dra. Elza: E tem enxaguado bastante? Tem que enxaguar bastante.
Eu: ...
Evidente que o diálogo segue ainda, sobre o flúor, sobre o bochecha-e-cospe, sobre os males da bebida alcólica para os dentes, sobre o filho dela (eu adoro quando ela fala do filho dela, que deve ter a minha idade ou um pouco menos). Essa, sobre a bebida e eu, era muito legal, mas deixa.
Enfim, um prêmio para quem entender esse diálogo. Eu mesmo, dentro de dias, não vou entender. Mesmo assim (ou talvez por isso), Doutora Elza é demais!
Enfim, depois de uma certa idade, eu comecei a ir sem meus pais. Afinal, eu sou mocinho e já dirijo. Em uma dessa vezes, em um feriado de 2005, eu fui visitar doutora Elza, numa consulta que estava atrasada há uns dois meses, na dependência de arrumar uma data que nos fosse compatível. Detalhe que as próximas devem continuar atrasadas, por mais que fosse óbvio marcá-las para as férias.
Ir à dentista é sempre divertido: eu sempre acho que meus dentes estão bons, minha mãe sempre discorda e doutora Elza sempre acha que meus dentes devem estar sob proteção divina. Vou lá, converso com ela um pouco, sou gentilmente deitado na cadeira, abro a boca, fecho os olhos e começo a ser penetrado (opa!), por brocas e esguichos d'água. Tudo isso acompanhado por uma leve conversa. Sim, pois dentistas adoram conversar.
Creio que há uma aula na faculdade de odontologia só de conversação com o paciente. Como é que eles entendem o que alguém que parcamente mexe a língua e é incapaz de mover o maxilar está falando? Mesmo assim, continuam com esse hábito. E nos entendem. E nos aconselham. Doutora Elza não foge a regra. Mesmo assim, ela me diverte.
Dra. Elza: Hummm... Seus dentes estão ruins, hein?
Eu: ...
Dra. Elza: Como é que está a faculdade?
Eu: Ah, ra rhehm! Hirandrho aulhumash otash uinsh, eo hô hein!
Dra. Elza: Mas tá ruim mesmo?
Eu: Ah, eo heaschei mm ouho. Ehbho ighá die eçhami...
Dra. Elza: Humm... Mas você consegue! E você tem se alimentado bem?
Eu: Ah, haish o henuous...
Dra. Elza: E esse "mais ou menos" é o que?
Eu: Eo cushin rhra im. Ie, helaenth, aeh arrão, oo, haroha i ihe.
Dra. Elza: Nada de salada, fruta?
Eu: I-híçi...
Dra. Elza: Tem que se alimentar direito. E escovar os dentes? Garanto que tem dia que é uma vez só.
Eu: Éh.
Dra. Elza: Fio dental, nada né? Tem fio dental lá?
Eu: Ahn... Ehn hein, hemn?
Dra. Elza: Tem que comprar. Ele alcança onde a escova não chega e limpa. Você acha que é só pra tirar pedaço de carne no meio dos dentes?
Eu: ...
Dra. Elza: E tem enxaguado bastante? Tem que enxaguar bastante.
Eu: ...
Evidente que o diálogo segue ainda, sobre o flúor, sobre o bochecha-e-cospe, sobre os males da bebida alcólica para os dentes, sobre o filho dela (eu adoro quando ela fala do filho dela, que deve ter a minha idade ou um pouco menos). Essa, sobre a bebida e eu, era muito legal, mas deixa.
Enfim, um prêmio para quem entender esse diálogo. Eu mesmo, dentro de dias, não vou entender. Mesmo assim (ou talvez por isso), Doutora Elza é demais!
Cincurso "entenda o diálogo com Dra. Elza". Quem decifrar a charada, leva um super-brinde: uma tampinha de fanta uva de 1993 e um pedaço de barbante multi-colorido!
Posted by Yuri | domingo, setembro 17, 2006