No Tempo em que Víamos Gigantes
Houve um tempo em que a tevê brasileira atingiu seu ápice de qualidade e excelência: era o tempo em que existia a TV Manchete. Naquela época assistíamos clássicos dos enlatados nipônicos, como Black Kamen Rider, Patrine e Jiban, além das altas tretas no Cavaleiros do Zodíaco e da pelada marota no Super Campeões. Além disso, havia também um evento que diariamente, antes do sacro jantar, costumava juntar centenas de milhares de pessoas na frente de seus respectivos televisores, unindo todo o país em uníssono: era o Supercatch.
Aos olhos de um leigo, o Supercatch era somente um programa de luta-livre, organizado pela World Wrestling Federation (WWF), no qual lutadores vestidos de maneira bizonha competiam em combates arranjados para saber quem era o "Maioral dos Ringues". Mas para mim e para muitas outras crianças, aquilo ia muito além da porradaria incessante. Aquilo era quase um estilo de vida.
Eu devia ter uns 8 ou 9 anos na época e, como qualquer garoto normal, já era sedento por violência e sangue. Por isso, ver um bando de marmanjões se estapeando era demais para o meu pequeno instinto maligno. Cada luta era única, nunca se sabia como iria terminar: era uma caixinha de surpresas, dizia-se. E como não falar das técnicas dos lutadores? Cada uma mais apurada do que a outra, que iam muito além da velha técnica de pegar uma cadeira de metal da platéia para espatifar sobre o crânio do oponente. Cada lutador tinha seu movimento fulminante, que deixava o adversário totalmente aturdido e sem reações, pronto para tomar o golpe de misericórdia. De fato, é por essas e outras que eu sinto que o Supercatch ajudou em muito a formar o meu caráter, assim como os Comandos em Ação, o Mortal Kombat e o Loucademia de Polícia. Penso que é esse tipo de influência que diferencia os homens dos estudantes de moda.
Aos olhos de um leigo, o Supercatch era somente um programa de luta-livre, organizado pela World Wrestling Federation (WWF), no qual lutadores vestidos de maneira bizonha competiam em combates arranjados para saber quem era o "Maioral dos Ringues". Mas para mim e para muitas outras crianças, aquilo ia muito além da porradaria incessante. Aquilo era quase um estilo de vida.
Eu devia ter uns 8 ou 9 anos na época e, como qualquer garoto normal, já era sedento por violência e sangue. Por isso, ver um bando de marmanjões se estapeando era demais para o meu pequeno instinto maligno. Cada luta era única, nunca se sabia como iria terminar: era uma caixinha de surpresas, dizia-se. E como não falar das técnicas dos lutadores? Cada uma mais apurada do que a outra, que iam muito além da velha técnica de pegar uma cadeira de metal da platéia para espatifar sobre o crânio do oponente. Cada lutador tinha seu movimento fulminante, que deixava o adversário totalmente aturdido e sem reações, pronto para tomar o golpe de misericórdia. De fato, é por essas e outras que eu sinto que o Supercatch ajudou em muito a formar o meu caráter, assim como os Comandos em Ação, o Mortal Kombat e o Loucademia de Polícia. Penso que é esse tipo de influência que diferencia os homens dos estudantes de moda.
WrestleMania: uma breve história
A World Wrestling Federation surgiu nos anos 80, mas o seu primórdio começa nos anos 30, época em que o grande barato era o Boxe profissional. Num belo dia, Joseph Raymond "Toots" Mondt, um ex-lutador de wrestling, resolveu profissionalizar a sua área, propondo um novo conceito de luta-livre. Trouxe os embates para as arenas de esportes e fez com que outros lutadores assinassem contratos com ele. Assim, criou a Capitol Wrestling Corporation (CWC), que depois se juntou com a National Wrestling Alliance (NWA) e, encurtando a história, acabou virando a World Wide Wrestling Federation (WWWF).
Daí, depois de trocentas mudanças de nomes e de fusões com outros órgãos reguladores de wrestling, eis que surge a WWF e seu evento mais conhecido: a WrestleMania. Nele lutaram figuras famosas como o saudoso Mr. T (do Esquadrão Classe A) e o ultracampeão Hulk Hogan - isso até o cara ser mandado embora por ganhar de meio mundo.
Porém, a fama e a fortuna trouxeram, além de glórias, muitos problemas para a instituição. Escândalos envolvendo abuso sexual e uso de esteróides começaram a pipocar na imprensa. Então, para cobrir o buraco que os processos acarretavam (o rombo foi estimado em 5 milhões de verdinhas), os idealizadores tiveram que cortar vários benefícios dos lutadores. Daí, boa parte destes decidiram trocar pontapés no rival World Championship Wrestling (WCW). Sem outra solução, a cartolagem da WWF resolveu apostar na prata da casa, lançando uma nova safra de lutadores. E foi essa a época que fez a alegria da gurizada tupiniquim.
Afinal, como não lembrar do fabuloso Razor Ramón, aquele cubano safado que lutava com um palito de dentes na boca? Ou do cruel índio-americano Tatanka, cujo principal golpe fora traduzido no Brasil como Tapanka, que nada mais era que um tapa violentamente desferido contra o rosto do oponente? Ainda havia também o galã Shawn Michaels "The Heartbreaker Kid", que era dono de uma técnica apurada e sempre estava rodeado por belas messalinas. Além disso, havia o magnata "Million Dollar Man" Teddy diBiasi, que fazia a dupla jornada de manager e lutador e estava sempre pronto para defender seus afilhados das mais diversas enrascadas.
Isso sem falar também no destruidor Diesel, no soturno Undertaker e no palhaço Doink - que tinha uma miniatura própria conhecida como palhaço Dink. Também haviam lutadores "estrangeiros" como o inglês British Bull Dog e o nipônico peso-pesado Yokozuna. Enfim, tinha gente para o mais eclético dos gostos.
Mas daí, as coisas mudaram. As palhaçadas do Doink não agradavam mais e as lutas já estavam ficando escancaradamente arranjadas. Então eles reciclaram tudo e fizeram novos formatos de luta. Mas antes, a World Wrestling Federation enfrentou novamente os tribunais, dessa vez para saber quem ficaria com a famosa sigla: eles ou a World Wildlife Foundation. Os ambientalistas ganharam a parada e a organização passou a se chamar World Wrestling Entertainment (WWE). Só que nesse meio tempo, a TV Manchete já tinha quebrado e nunca mais pude acompanhar os embates - até porque o Gigantes do Ringue era ruim demais.
Daí, depois de trocentas mudanças de nomes e de fusões com outros órgãos reguladores de wrestling, eis que surge a WWF e seu evento mais conhecido: a WrestleMania. Nele lutaram figuras famosas como o saudoso Mr. T (do Esquadrão Classe A) e o ultracampeão Hulk Hogan - isso até o cara ser mandado embora por ganhar de meio mundo.
Porém, a fama e a fortuna trouxeram, além de glórias, muitos problemas para a instituição. Escândalos envolvendo abuso sexual e uso de esteróides começaram a pipocar na imprensa. Então, para cobrir o buraco que os processos acarretavam (o rombo foi estimado em 5 milhões de verdinhas), os idealizadores tiveram que cortar vários benefícios dos lutadores. Daí, boa parte destes decidiram trocar pontapés no rival World Championship Wrestling (WCW). Sem outra solução, a cartolagem da WWF resolveu apostar na prata da casa, lançando uma nova safra de lutadores. E foi essa a época que fez a alegria da gurizada tupiniquim.
Afinal, como não lembrar do fabuloso Razor Ramón, aquele cubano safado que lutava com um palito de dentes na boca? Ou do cruel índio-americano Tatanka, cujo principal golpe fora traduzido no Brasil como Tapanka, que nada mais era que um tapa violentamente desferido contra o rosto do oponente? Ainda havia também o galã Shawn Michaels "The Heartbreaker Kid", que era dono de uma técnica apurada e sempre estava rodeado por belas messalinas. Além disso, havia o magnata "Million Dollar Man" Teddy diBiasi, que fazia a dupla jornada de manager e lutador e estava sempre pronto para defender seus afilhados das mais diversas enrascadas.
Isso sem falar também no destruidor Diesel, no soturno Undertaker e no palhaço Doink - que tinha uma miniatura própria conhecida como palhaço Dink. Também haviam lutadores "estrangeiros" como o inglês British Bull Dog e o nipônico peso-pesado Yokozuna. Enfim, tinha gente para o mais eclético dos gostos.
Mas daí, as coisas mudaram. As palhaçadas do Doink não agradavam mais e as lutas já estavam ficando escancaradamente arranjadas. Então eles reciclaram tudo e fizeram novos formatos de luta. Mas antes, a World Wrestling Federation enfrentou novamente os tribunais, dessa vez para saber quem ficaria com a famosa sigla: eles ou a World Wildlife Foundation. Os ambientalistas ganharam a parada e a organização passou a se chamar World Wrestling Entertainment (WWE). Só que nesse meio tempo, a TV Manchete já tinha quebrado e nunca mais pude acompanhar os embates - até porque o Gigantes do Ringue era ruim demais.
Nessa época as tardes de domingo tinham algum significado, hehe. E o Shawn Michaels, que figura! Ele é o arquétipo do fanfarrão moderno.
Posted by Yuri | sexta-feira, agosto 25, 2006
Isso é que é texto!
Isso é que era programa!
COmo esquecer de mencionar Lex Lugger, Bret 'Hitman' Hart, Bam Bam Bigelow, Diesel, Undertaker e outras lendas que povoavam nossas infâncias privadas de pêlos corporais?
Posted by Emanuel Colombari | sexta-feira, agosto 25, 2006
Verdade. Mas apesar de esquecer de mencionar Lex Luger - que usava uma ufanista sunguinha norte-americana - ele teve suas costas estampadas no começo do post. Sorte minha, pois os deuses do wrestling poderiam querer comer meu fígado.
Posted by Igor Nishikiori | sábado, agosto 26, 2006
foda demais...hehehe
mas mestre, dentro de sua magnitude...
tira aquele "haviam lutadores..."
do penúltimo parágrafo...não se esqueça que este blog tem leitores por todo mundo!
pelamordedios fanfarrones!
Posted by Nícolas Brandão Silva | segunda-feira, agosto 28, 2006