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Amor, estranho amor


Uma notícia na capa do portal Terra chamou muita atenção na quinta-feira, dia 26 de abril. Segundo a nota, a ex-BBB 7 Íris preferia passa fome a fazer filmes pornôs. Promovida a celebridade instantânea pelo reality show da Rede Globo, a mineira teria sido convidada pela produtora Brasileirinhas (que desmentiu o convite no mesmo dia) a participar de uma de suas produções.

O que há de novo nisso? Simples. Ela não vai fazer o filme, mas o mercado pornográfrico do Brasil agradece a atenção - e as especulações - da qual tem sido pivô nos anos mais recentes. A produção pornográfica brasileira tem passado por um período de ascensão - ou melhor, de aceitação - jamais visto. Antes relegado às subproduções desconhecidas escondidas em videolocadoras, o pornô nacional hoje se dá ao luxo de produzir títulos conhecidos, com atores famosos e de se envolver em boatos com nomes que passam pelo auge de sua fama, por mais fugaz que ela seja.

Íris jamais vai ser uma Gisele Bundchen. Talvez sequer chegue a uma Cristina Mortágua. Porém, pelos próximos meses ela poderá nadar de braçada nas festas VIPs, nos camarotes de micaretas e em eventos de revistas. Ou seja: não precisa mesmo dar sua contribuição a uma fita de sexo explícito. Porém, seja o convite verdadeiro ou não, o mercado pornográfico brasileiro hoje parece ter cacife suficiente para bancar uma contratação de nome como seria a dela hoje.

E tudo isso graças à inesperada aceitação do público à participação de famosos decadentes nos pornôs. Resgatado pelo SBT para o programa Casa dos Artistas em 2002, o veterano galã carioca Alexandre Frota embarcou nessa no ano seguinte, meio que por brincadeira - mas meio por gostar da coisa também. Aproveitando-se o bom momento de Frota, o filme Obsessão (2003) foi um sucesso, dentro dos parâmetros esperados. E acabou abrindo as portas para outras subcelebridades que toparam a entrada nesse nicho. A partir daí, Bruna Surfistinha, Vivi Fernandes, Mateus Carrieri, Rita Cadillac, Gretchen e Márcia Imperator começaram a se arriscar, ganhar espaço e se tornaram mais conhecidos em outras esferas.

Quatro anos depois do debut de Frota, o mercado pornográfico do Brasil hoje pode se gabar de contratar nomes conhecidos da mídia em geral. Regininha Poltergeist, por exemplo, já teria assinado contrato para três filmes. Para Alexandre Frota, a nova carreira se mostrou mais promissora do que a convencional: foram sete filmes entre 2003 e 2006, sendo que o oitavo está sendo rodado com Márcia Imperator. Na carreira cinematográfica convencional, enquanto não perdeu espaço, foram apenas seis as películas filmadas entre 84 e 91. Para nomes como Gretchen e Rita Cadillac, foi a volta à condição de musa e a conquista de novos “fãs” de seus atributos. E fazendo um trabalho que, vá lá, não difere tanto assim do que elas já faziam.

Não se espera que a aceitação do conservador público brasileiro seja como a que acontece nos EUA, onde Jenna Jameson chegou a manter um relacionamento público e sem problemas com Matt LeBlanc (o Joey Tribbiani, de Friend), ou onde Kim McKamy (ou Ashlyn Gere) atuou em um papel convencional em um episódio de 1994 de The X-Files (nosso bom e velho “Arquivo X”). Mas não se pode esquecer que nomes mais conhecidos da TV nacional chegaram a atuar com sucesso durante o período sombrio da pornochanchada. Casos como o de Vera Fischer, Nuno Leal Maia, Xuxa e David Cardoso – outro veterano galã e um dos poucos que conseguiu conciliar por algum tempo as carreira convencional e “chanchadística”.

Ainda vai demorar para que o Brasil aceite esse novo mercado, mas Frota não pode reclamar dos frutos que vem colhendo desde mudou de ramo. Talvez a ex-BBB Íris não goste muito do convite agora, mas é fato que o pornô brasileiro passa por seu melhor momento. Talvez no futuro, esse espaço possa ser explorado de maneira mais comercial, e ela se arrependerá. Tudo graças ao “sim” de Alexandre Frota em 2003.

Imagens: Marcelo Corrêa/Divulgação (Íris), Brasileirinhas/Divulgação (Frota) e Sports Illustrated (Jenna Jameson)

É sempre interessante observar como programas de alta visibilidade à la Big Brother funcionam como trampolim de celebridades instantâneas. É ainda mais curioso refletir sobre os porques desse fascínio que despertam as tais "celebridades". Pobre vulgo. Diria nosso amigo Espinosa que aqueles que estimam a honra acima de tudo, vivem à mercê dos caprichos dos outros. São eternos reféns da opinião alheia. Bom texto, Mané. Abraços!

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